segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Creepypasta: A Galeria de Henri Beauchamp




Se você entrar nesse pequeno e sujo bar em Paris, e se o bartender correto estiver atrás do balcão naquela noite, você pode ser capaz de ver uma galeria muito exclusiva que mostra os trabalhos perdidos de certo Henri Beauchamp. Mas, para poder entrar, você deve provar que é um devoto do artista.

Você será perguntado, de forma clara e em um inglês perfeito “O que você gostaria de tomar nessa noite gloriosa?”. Responda “Absinto”, não importa o que aconteça. Qualquer outra bebida, de uísque até água, irá lhe matar enquanto você dorme.
A próxima pergunta vai ser sobre o tipo, e você DEVE responder uma de duas coisas: “Aquilo que o próprio Homem não suportaria tomar” ou “Aquele bom. O melhor de todos.”. Se você pedir qualquer outro absinto, de qualquer outra maneira, você será amaldiçoado com pesadelos por treze dias. O sonho de cada noite vai ser pior que o anterior, até que, no décimo terceiro sonho, seu pesadelo irá lhe seguir, em cada momento de sua vida desperta ou adormecida.

Não tente enganar o barman: A porta está trancada atrás de você. Você deve tomar o que ele lhe der, amaldiçoado ou não. Aquele homem tão poderoso ter lhe dado audiência deve ser suficiente. Além disso, ouvi dizer que até os agonizantes elogiam seus drinques em seus momentos finais.

Se você veio até então sem selar o seu destino, o bartender irá dizer “Tenha certeza de que você tome cuidado com isto; é o melhor que eu tenho” Daí em diante, você pode fazer uma de duas coisas: Diga palavra por palavra “Eu super estimei minha força, e eu lhe desejo uma boa sorte”. Se o barman aceitar, você pode sair pela porta pela qual entrou, ileso e com nada ganho ou perdido (com a exceção do tempo que passou lá dentro).

Ou você pode continuar.

Será dado a você um copo, sete faces de aro, com cada lado torcendo sempre tão delicadamente em torno da bacia até formar uma alça elegante e simples. Você também receberá uma muito, muito, muito especial colher de absinto, na forma de uma chave; os buracos no topo da chave servem como o ponto de drenagem para o álcool se derramar sobre o cubo de açúcar. E, claro, uma garrafa sem marcas, há muito tempo despojada de seu rótulo, pedaços de papel pregados ao lado, coberta com a podridão de décadas passadas.

A colher é totalmente plana, mas tem dois lados distintos: um com um sulco ao longo do eixo da chave, e um sem. Vire o eixo, para que o sulco esteja de cabeça para baixo. Se você tentar isso com o sulco para cima, seu absinto vai ter um gosto horrível, seu nariz vai queimar, e seus olhos irão murchar em suas órbitas com horrores inimagináveis que não pertencem a este mundo.

Agora, se sua colher está posicionada do jeito correto, comece a preparar o absinto como o faria normalmente. (Coloque o cubo e açúcar na colher e derrame o álcool sobre ele para que ganhe sua cor e suas “qualidades especiais”).

Diga “Saúde!” ao seu amigo, o barman, e o vire de uma vez só. Se não o fizer, o absinto vai queimar cada entranha que tocar com o poder e a dor do ácido sulfúrico.

Se você fez tudo certo, as já fracas luzes vão se apagar, e as trevas consumirão o bar. Não tenho medo; as trevas são o sinal de que você foi admitido na exposição. Espere em meio à escuridão, e fique silencioso como os mortos, para que o bartender não resolva torná-lo um.

Eventualmente (não demora muito, só uns dois ou três minutos), um holofote verde vai brilhar intensamente em uma porta na parede distante do bar. O bar será banhado em verde, e não apenas do projetor. Pequenas esferas luminescentes gentilmente irão passar pela sala, e o barman não estará mais lá ... Nem qualquer outra pessoa despretensiosa lá dentro antes.

Não há perigo a partir desse ponto... O considere um ponto seguro. Se você não terminou o absinto, você não precisa, mas talvez precise do álcool. De qualquer jeito, pegue a colher e a coloque na fechadura do portal iluminado em verde. Irá se encaixar perfeitamente, e chegar até o fim da fechadura com um clique ressoante.

Lá dentro há um pequeno elevador, com a mulher mais linda que os olhos mortais podem imaginar, banhada em luz verde com tal ângulo que a luz reflete atrás dela na forma de duas asas.

A Fada Verde em pessoa irá lhe perguntar “Vai subir?”, e considerando tudo pelo que você acabou de passar, só faria sentido dizer que sim.

Agora, você tem mais um obstáculo para passar. Ela irá lhe perguntar, enquanto você atravessa a linha entre o bar e o compartimento, “Como você compararia o surrealismo de Beauchamp ao de, podemos dizer, René Magritte?”. Para sua resposta, você deve dizer “Eu vim para ver mais do que arte essa noite”.

Se você não responder assim, o holofote verde vai se apagar, as portas irão se trancar, e o elevador vai descer por uma negrura aparentemente infinita, antes que uma luz vermelha comece a brilhar cada vez mais enquanto o elevador se aproxima das profundezas do inferno.

Agora , se o seu elevador começar a subir, a luz verde também irá desaparecer, mas em seu lugar estará o brilho frio da lua. Mas, antes mesmo que você a reconheça, o elevador vai atingir o topo de seu... Bem, vamos chamar de eixo para que não fique muito intrincado.

Não estou tão certo sobre isso como estou do restante, mas eu ouvi que se a Fada Verde beijar sua bochecha enquanto ela sai do elevador, você sempre será abençoado com inspiração e criatividade: uma musa permanente e sempre mutável. Você não pode pedir a ela, você não pode beijá-la; ela deve fazer isso por sua própria vontade. Se não... Bem, nada, mas não a razão para fazer isso de qualquer jeito e enfurecer a mulher que é responsável por manter as pinturas de Beauchamp seguras por tanto tempo.

Você vai entrar, do elevador, em um salão da virada do século, com um grande pôster de Henri Beauchamp no lado esquerdo da parede oposta; do direito está uma porta.

Tomar algum tempo para ler o pôster é uma ideia razoavelmente boa, já que explica a importância de Mounsieur Beauchamp. Veja bem, ele era um surrealista nos anos 1920, sempre tentando fazer uma arte livre de qualquer tipo de premeditação, e conseguiu fazê-lo. Depois de uma noite em um pequeno e sujo bar em Paris, ele começou a pintar... Padrões.

Primeiro eram padrões geométricos. Depois fractais completos. E então imagens que estariam nos jornais no dia seguinte. Depois na semana seguinte. Cinquenta anos no futuro. Cem anos no futuro. Duzentos anos no passado...

Então, na última noite de sua vida, ele raptou três garotas de suas casas à noite, assassinou-as, e pintou suas últimas obras primas em vermelhos e amarelos com o sangue e a bile das virgens.

Ele cometeu suicídio imediatamente depois de ter pintado 13 delas.

Elas estão atrás da porta.

As primeiras seis, à esquerda, mostram, numa ordem da esquerda para a direita: A gênese do universo, a única forma verdadeira de Deus como visto pelos olhos do homem, a verdadeira imagem de Jesus Cristo, as nuvens do Paraíso se alastrando, todos os Papas do primeiro até faces ainda não reconhecíveis, e um retrato da aparência de Jesus em sua segunda vinda.

As outras seis, à esquerda, mostram, da direita para a esquerda: o cataclismo do universo, a única visão verdadeira de Satã que pode ser vista aos olhos humanos, a verdadeira imagem de Judas, as chamas do Inferno se alastrando, todos os demônios encarnados em humanos do primeiro até faces ainda não reconhecíveis, e um retrato do Anticristo em sua vinda.

Agora, seis e seis fazem doze. E sobre a décima terceira?

A décima terceira pintura está virada ao contrário, sua imagem encarando a parede. O espaço em torno dela é amarrado acima em um diâmetro muito grande, e sob a imagem invertida há um sinal, em três línguas. No topo há as escrituras dos Serafins, na última linha as runas das maiores ordens demoníacas, e no meio em letras romanas. Todos dizem:

NÃO

TOQUE

Como o beijo, não posso dizer essa parte com muita certeza, mas ao mesmo tempo... Eu ouvi que, de alguma forma, enquanto morria, Beauchamp esfolou sua pele, seus órgãos, sua própria alma em alguma forma de colagem. Como ele usou seu próprio corpo para criar uma obra-prima tão terrível, eu nunca poderia dizer, nem me arriscaria a tanto.

Então... Se você conseguir, talvez você consiga virar a pintura e me dizer como é, algum dia? Você pode me contar sobre ela enquanto tomamos um drinque.


Não adianta correr

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